Designer faz fama internacional com móveis inusitados

Quando criança, Zanini de Zanine gostava de brincar no local de trabalho do pai, o arquiteto e designer José Zanine Caldas, da primeira geração modernista brasileira. “Eu tumultuava a oficina de maquetes dele, era uma grande diversão”. O tempo passou, o garoto cresceu, chegou a pensar em ser diplomata, acabou seguindo os passos paternos e, assim, tornou-se um dos principais nomes do design brasileiro contemporâneo. Com o talento no sangue, ele já ganhou diversos prêmios por suas peças e participou de exposições na França, na Inglaterra, na Alemanha, nos Estados Unidos e na Itália.

O pai não foi a única influência. Sua casa era frequentada por ícones da intelectualidade nacional como Tom Jobim, Lúcio Costa, Jorge Amado e Sérgio Bernardes. “Aprendi, com cada um deles, a valorizar e reconhecer a cultura brasileira de melhor qualidade e tive uma vontade de mostrar nossas riquezas de forma autoral e sofisticada, sem precisar ser óbvio ou apelar”, afirma Zanine. Além disso, ele trabalhou um ano com outro mestre do design brasileiro, Sérgio Rodrigues. “Estava perdendo meu pai, minha maior referência, porém estava ganhando outra à altura”.

Se José Caldas recebeu o apelido de “mestre da madeira”, Zanine prefere trabalhar com uma gama bem variada de matérias-primas. “Acho que, às vezes, são os materiais que me escolhem”. E ele tem sido escolhido pelo aço inox, alumínio, plástico injetado, latão, vidro e polipropileno. Ainda assim, o toque do pai está lá: “Gosto muito da madeira, pois me remete à boas lembranças”.

Zanini considera que suas melhores criações são aquelas nas quais tem liberdade total de trabalho. Ele já fez coisas tão diferentes quanto cadeiras – há um modelo feito com skates –, sofás, estantes, mesas, vasos e até mesmo um muito moderno cavalinho para crianças, feito de metacrilato (uma espécie de acrílico). De seu estúdio já saíram peças para marcas brasileiras e estrangeiras como Alle, Dimlux, Habitart, Cappelini e Slamp.

O artista considera que o design brasileiro vive “com certeza o melhor momento”, e reconhece a dívida que os nomes do presente têm com os do passado, notadamente criadores dos anos 1950, como Joaquim Tenreiro, Lina Bo Bardi, Sérgio Rodrigues e seu próprio pai. As portas para o sucesso contemporâneo, por sua vez, foram abertas na década de 90 pelos Irmãos Campana. “Observo um enorme interesse europeu e norte-americano pelo que está sendo feito no Brasil e as marcas brasileiras que não investirem em desenho nacional irão ficar para trás”.

Fonte: PRIMAPAGINA, especial para o Terra


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