O destino está em nossas mãos

Quais são os nossos sonhos? O que fazemos deles? O psicólogo americano Phillip McGraw, fiel conselheiro da apresentadora americana Oprah Winfrey, revela que hábitos devemos e podemos mudar para transformá-los em realidade!

Ela é negra em um país onde o preconceito racial causou uma guerra civil. Teve uma infância pobre, quase miserável, e foi estuprada pelo padrasto na adolescência. Hoje, aos 58 anos, é uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos. Mas a riqueza é quase insignificante perto do enorme poder que Oprah Winfrey tem de influenciar pessoas. Dona de um canal de TV, de uma revista que leva o seu nome e do talk show com maior audiência da história no currículo, basta falar bem de um livro para que ele se transforme, da noite para o dia, em best-seller. Ou num fracasso, se falar mal. Como foi que tudo isso aconteceu? Sorte? Não, Oprah não acredita no acaso. “Sorte é você estar preparada quando surge uma oportunidade”, escreveu em um dos seus artigos. E muito do que ela de fato acredita aprendeu com o psicólogo americano Phillip McGraw. Autor de Estratégias de Vida, ele revela os meios que usamos para sabotar a nós mesmos e oferece estratégias para a realização de qualquer sonho. Oprah confia piamente no que ele ensina: é possível tomar o destino de nossa vida nas mãos e transformá-lo. Na entrevista que concedeu à revista americana Redbook, Phillip McGraw explica sua teoria. Inspire-se!

P. Temos a tendência de culpar os outros por nossos problemas?
R. Recebemos do mundo, basicamente, a seguinte mensagem: “Sinta-se bem, ame a si mesmo; seus problemas não são culpa sua”. O problema é ensinar as pessoas a ser responsáveis por si mesmas.

P. É muito comum atribuir a um pai distante nossa dificuldade de relacionamento ou associar outro tipo de comportamento problemático a uma educação controladora…
R. Ninguém pode mudar o passado. Talvez seus pais não a tenham educado do modo certo. Mas você faz suas próprias escolhas agora. Todos nós temos o controle de nossas vidas. Apenas não sabemos disso. Nem percebemos o quanto controlamos o modo como as pessoas nos tratam. Digamos que as coisas não estejam bem no escritório. A atitude mental predominante é: “Eles não gostam de mim porque sou mulher ou porque sou muito jovem ou porque sou muito velha. Por isso me tratam tão mal”. Dessa forma você está ensinando às pessoas como tratar você. Se permitir que não a levem a sério, elas continuarão a desconsiderá-la. Se exigir um tratamento melhor, conseguirá o que quer.

P. O que você diria a uma mulher que reclama do marido?
R. Muitas mulheres casadas têm uma queixa parecida: o marido chega em casa e fica vendo TV até cair no sono. Digo a elas que, para mudar essa situação e obter algum resultado diferente, têm de interromper o fluxo. Não importa se terão de desligar a TV ou cortar o fio da tomada. Se você permitir que seu marido chegue em casa e vegete ou que as crianças dominem a noite, passará a mensagem de que concorda com isso. Da mesma forma, quando um relacionamento não anda bem, a tendência é apontar para o companheiro e dizer: “Você não está me tratando direito”. O correto seria perguntar: “Estou causando ou permitindo esse comportamento? O que fazer para mudar?” Talvez as respostas envolvam confrontos. Mas ao se concentrar no seu papel você estará empenhada em modificar algo que pode controlar. Não temos controle sobre os outros.

P. As mulheres se sentem mais vítimas do que os homens?
R. Provavelmente sim. As mulheres foram programadas para o compromisso, para a dedicação. É preciso que acordem para o poder que têm em mãos e tirem a venda dos olhos. Você não pode reclamar das empresas dominadas pelos homens se não tiver vontade de fazer algo que modifique isso. A mudança começa com uma pessoa por vez. O mesmo acontece com a família.

P. Você relata que, em seus seminários, quando pede a alguém que defina claramente seus desejos, na realidade está propondo que se pense menos em recompensas materiais e mais nos sentimentos relacionados ao sucesso.
R. Parece fácil estabelecer aquilo que queremos. Mas fiz a pergunta a milhares de pessoas e quase sempre a resposta foi: “Não sei”. E quando pergunto: “Você é feliz?”, muitos respondem: “Não”. Outras dizem que o objetivo delas, por exemplo, é perder peso. Pergunto: “Por quê?” e, se a resposta de uma mulher é “Quero ser mais magra”, peço que me diga como se sentirá magra. Então, invariavelmente, ela afirma algo como: “Eu teria orgulho de mim; entraria num salão de cabeça erguida”. Na verdade, o que essa mulher quer é sentir orgulho de si mesma. E talvez perder peso tenha alguma coisa a ver com isso. Mas o que ela realmente quer é se sentir aceita. Quando você começa a associar objetivos a sentimentos, sua mente e seu coração sabem para onde ir sempre que precisarem se nutrir de energia. Em geral, as pessoas não querem simplesmente uma casa ou uma fortuna, querem se sentir seguras ou menos solitárias. Tornar palpável seu objetivo é fechar os olhos e conseguir saber como se sentirá quando o tiver alcançado. Fica mais fácil se movimentar em direção aos nossos ideais colocando-os num nível mais verdadeiro. Com um norte para guiar suas escolhas, você não se perderá em tantos desvios.

P. Então o segredo é manter os olhos voltados para o futuro?
R. O passado passou. Deve ser encarado apenas como uma ferramenta de aprendizado. Se uma série de relacionamentos fracassados a tornou cínica, você pode ajustar isso. Se foi molestada na infância, provavelmente tem uma visão distorcida do sexo oposto. São episódios de infelicidade e sofrimento, mas você não pode mudar o que aconteceu. A chave para seguir em frente é gastar 5% de seu tempo avaliando se fez um bom ou mau negócio e 95% decidindo como agir daquele momento em diante.

Este artigo foi originalmente publicado na revista americana Redbook.
Fonte: Revista Cláudia


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