O perfeccionismo atrapalha a sua vida?

Por UOL. Repórter Heloísa Noronha

Todo mundo conhece pelo menos uma pessoa perfeccionista. Suas características são fáceis de identificar: atenção aos detalhes, mania de organização, enorme senso de responsabilidade e dedicação extrema às tarefas que se propõe a cumprir. Um olhar superficial pode defini-la como alguém competente, autossuficiente e bem-sucedido, com pouca ou nenhuma chance de falhar. Uma avaliação atenta feita por especialistas em comportamento, porém, mostra que esses indivíduos vivem em um eterno sofrimento, pois se sentem incapazes diante de várias situações e tentam o tempo todo camuflar seus temores se preocupando com minúcias.

De acordo com a psicóloga Dorit Wallach Verea, os perfeccionistas, com relação aos seus relacionamentos interpessoais, tendem a antecipar a desaprovação e rejeição dos outros por insegurança. Por isso, costumam reagir de maneira defensiva a críticas e se afastar das pessoas. “Eles também aplicam seus padrões irreais elevados aos outros, tornando-se críticos e exigentes, e têm regras rígidas de como suas vidas deveriam ser”, conta. No fundo, essas pessoas acreditam não ter valor se suas realizações não forem perfeitas. Acham que o sucesso dos outros é conseguido com um mínimo de diligência, poucos erros, baixo estresse emocional e máxima autoconfiança, ao mesmo tempo em que veem seus próprios esforços como ineficazes e inadequados.

O perfeccionista apresenta devoção excessiva ao trabalho e aos detalhes, prejudicando outras atividades como lazer, amizades, hobbies além de perder momentos únicos por não conseguir finalizar uma tarefa. “Pode até ser um paradoxo, mas essas pessoas estão tão preocupadas com as manias que deixam de fazer com perfeição o que realmente importa”, declara o psiquiatra Leonard F. Verea. “É um comportamento prejudicial a partir do momento em que se torna exaustivo, que as distrai dos reais afazeres, inibindo a realização deles”.

O psiquiatra afirma que quem apresenta a síndrome da mania de perfeição costuma sofrer muito com suas características, pois vive em estados de tensão e ansiedade muito intensos. “O indivíduo não consegue agir contra essas forças que se opõem à razão e ao equilíbrio”, afirma. Na maior parte dos casos, o ideal é buscar ajuda psicológica, principalmente porque, segundo Leonard, potencialmente, todos os perfeccionistas são portadores de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Para Dorit Wallach Verea, apesar do perfeccionismo não ser tratado como doença, ele interfere em todas as áreas da vida do indivíduo, comprometendo sua vida profissional, social, familiar e afetiva. E é possível manter a mania de perfeição sob controle? “A primeira etapa na mudança das atitudes é perceber que o perfeccionismo é uma ilusão inatingível”, responde a psicóloga, que elaborou algumas dicas para aprender a lidar melhor com ele:

– Tenha objetivos possíveis de serem realizados, tendo como base as suas vontades e necessidades;
– Leve em conta tudo o que você já realizou no passado. Isso aumentará a sua autoestima;
– Dê pequenos passos. Pense nos seus objetivos de maneira sequencial, mas sem rigidez;
– Concentre-se no processo de fazer uma atividade, não apenas no resultado de final;
– Reconheça que pode haver um valor no processo de perseguir um objetivo;
– Transforme sua ansiedade nas oportunidades de se perguntar: “Eu tenho colocado expectativas impossíveis para mim?”;
– Confronte os medos que podem estar atrás de seu perfeccionismo questionando: “Qual é a pior coisa que poderia acontecer?”;
– Reconheça que muitas coisas positivas somente podem ser aprendidas com erros;
– Quando errar, pergunte-se: “O que eu posso aprender com essa experiência?”;
– Evite o pensamento rígido com relação a seus objetivos;
– Aprenda a discriminar as tarefas prioritárias das menos importantes;
– Dê uma chance a si mesmo e aos outros que estão ao seu lado; chance de descansar, de aproveitar a vida e de se divertir.

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