Casa em área remota de Ilha Bela ganha prêmio de arquitetura

Como construir em um terreno ao qual só se chega após quatro horas de trilha ou uma hora de barco e que, ainda por cima, fica em uma área de preservação ambiental? Esse foi o desafio que o arquiteto Pedro Saito teve de enfrentar para projetar uma casa na praia do Bonete, situada na parte mais isolada de Ilha Bela, no litoral de São Paulo.

Devido às dificuldades de acesso e de obtenção da licença ambientalm, a obra levou três anos para ser concluída. A solução encontrada pelo arquiteto para driblar as barreiras naturais foi construir a casa em modular de madeira certificada, mais fácil de transportar em canoas até a praia e simples de montar. Já as paredes, tanto externas quanto internas, foram feitas com painéis pré-fabricados. As restrições ambientais, por sua vez, foram contornadas ao erguer o imóvel em uma parte do terreno onde antes havia uma roça de mandioca já abandonada. Com isso não foi preciso fazer nenhuma alteração na vegetação e os donos chegaram a plantar novas árvores no local.

A engenhosidade do projeto rendeu a Saito o primeiro lugar, na categoria obra construída, no 10º Prêmio Jovens Arquitetos da divisão paulista do Instituto de Arquitetos do Brasil.   O resultado final foi uma construção com ares simples, bem de acordo com a vila de pescadores em que se situa, mas com soluções arquitetônicas sofisticadas, que se aproveitam das condições naturais do terreno. As paredes dos dois quartos, por exemplo, são móveis, o que permite abrir totalmente o espaço interno da residência, aumentando a ventilação e a iluminação natural da casa, proporcionadas por grandes janelas.

A posição da casa no terreno também contribui para regular as condições climáticas no interior. No verão, o sol não entra diretamente na casa, deixando-a fresca. Já no inverno, quando as temperaturas nessa parte do litoral paulista são baixas, o sol entra e esquenta os cômodos da residência. Esse aproveitamento das condições naturais é muito importante em uma região como a isolada praia do Bonete, onde há constantes problemas no fornecimento de energia elétrica.

E para que os proprietários desfrutassem ainda mais da beleza da região, Saito projetou um mirante no telhado da casa. De dia, é possível ter uma visão panorâmica da vegetação e do mar. De noite, é possível ficar observando as estrelas, que são abundantes em um lugar com pouquíssima iluminação artificial.

Fonte: PRIMAPAGINA, especial para o Terra


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